segunda-feira, 6 de junho de 2011

Adriana Varejão

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100430/not_imp544880,0.php




Figura de Convite III. Na tela de 2005, a "forma da encenação' na obra da artista, com azulejaria portuguesa como referência
Em 1992, Adriana Varejão criou Quadro Ferido e Passagem de Macau a Vila Rica, uma paisagem do tempo dos artistas viajantes, em quase preto e branco, que tem no canto esquerdo inferior um coração de onde escorre sangue. Aí vieram em sua obra uma contundência de referências ao barroco e à azulejaria, o uso do craquelado, os esquartejamentos e as apropriações de iconografias conhecidas e históricas, a visceralidade da carne (representando a entranha da pintura), a arquitetura geométrica das saunas. Numa junção de "vermelho do sangue e azul do céu" ou Entre Carnes e Mares, como diz o título do livro que a Editora Cobogó lança hoje sobre a artista, se faz a potente obra desta criadora carioca, uma das mais valorizadas da cena contemporânea brasileira.

É uma edição de fôlego, bilíngue, organizada por Isabel Diegues e que contempla toda a trajetória de Adriana, nascida em 1964. Intercala reproduções, em sequência cronológica, de suas pinturas de desde a década de 1980 (1988 foi um marco) até suas criações recentes de 2009, com ensaios de uma pluralidade de pensadores convidados ao exercício analítico da obra da artista: o escritor Silviano Santiago, a antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, o professor-doutor em semiótica e literatura Karl Erik Schollhammer, o crítico Luiz Camillo Osorio e a artista e professora Zalinda Cartaxo. Para marcar o lançamento do livro, às 18h30, na SP-Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo, na Bienal, ocorrerá antes, às 16h30, uma mesa-redonda no auditório do Museu de Arte Moderna (MAM) com Lilia Moritz Schwarcz e os curadores Agnaldo Farias e Rodrigo Moura.
Narrativas. Como conta Isabel, o projeto do livro partiu da estrutura de uma palestra proferida por Adriana Varejão no museu Guggenheim de Nova York, em 2004. Na ocasião, a artista - com um pensamento sempre lúcido sobre seu trabalho - incluiu em sua fala seções sobre temas como Carnavalização Histórica - Paródia; Imagem Sem Corpo; Teatralização da Pintura; e Epifania da Forma. Esses se tornaram, afinal, caminhos para que os autores mergulhassem na poética de Adriana para cada um compor "narrativas de carnes e mares", marcando agora uma análise que abarca 20 anos de carreira da artista.
Na "ficção contemporânea e visionária" de Adriana, como define Santiago, a artista bebe em fontes tão diversas, mas há uma raiz comum. Arrematando, Lilia Moritz Schwarcz define como se move a "cartografia varejão": "Entre verdades e simulações, limpeza e sujeira, história e releitura, vermelho do sangue e azul do céu, azulejo e rasgo, tela e simulacro."

Quem é
Adriana Varejão
Artista plástica
CV: Nascida no Rio em 1964, é das criadoras brasileiras de mais destaque, com obras em coleções como as dos museus Guggenheim (NY), Stedelijk (Amsterdã) e Fundação Cartier (Paris).
ADRIANA VAREJÃO: ENTRE CARNES E MARES




Biografia
Adriana Varejão vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde nasceu. Realizou sua primeira exposição individual em 1988 e na mesma época participou de uma coletiva no Stedelijk Museum, Amsterdã. Participou de importantes Bienais como Veneza e São Paulo e sua obra já foi mostrada em grandes instituições internacionais como MOMA (NY), Fundação Cartier em Paris, Centro Cultural de Belém em Lisboa e Hara Museum em Tóquio. Em 2008, foi inaugurado um pavilhão com obras suas no Centro de Arte Contemporânea Inhotim em Minas Gerais. Adriana está presente em acervos de importantes instituições, entre elas Tate Modern em Londres, Fundação Cartier (Paris), Stedelijk Museum (Amsterdã), Guggenheim (Nova Iorque) e Hara Museum (Tóquio).
Através da releitura de elementos visuais incorporados à cultura brasileira pela colonização, como a pintura de azulejos portugueses, ou a referência à crueza e agressividade da matéria nos trabalhos com “carne”, a artista discute relações paradoxais entre sensualidade e dor, violência e exuberância. Seus trabalhos mais recentes trazem referências voltadas para a arquitetura, inspirada em espaços como açougues, botequins, saunas, piscinas etc, e abordam questões tradicionais da pintura, como cor, textura e perspectiva.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adriana_Varej%C3%A3o






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